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26/06/2013

A criação do leite condensado


 Certa feita, Odin estava mortalmente entediado em seu trono onde podia observar tudo o que acontecia nos nove mundos, a partir do palácio de Valaskjálf em Asgard, o reino dos deuses.

 Suas aventuras como andarilho por Midgard, o reino dos mortais, não mais lhe eram interessantes. Sleipnir, seu cavalo de oito patas - o mais rápido do universo -, não estava o divertindo, assim como sua lança Gungnir, que permanecia em estado imóvel ao seu lado no palácio. Até mesmo Frigga, sua esposa e deusa da juventude, não satisfazia seus anseios de algo a mais. Odin buscava algo novo, uma emoção inédita, algo que nunca experimentara antes. Pensou em experimentar LSD, mas parecia algo arriscado. Ectasy também estava fora de cogitação. Estava há tanto tempo em inércia, apenas ociosamente observando os nove mundos (e toda a sacanagem que rolava, especialmente no mundo dos elfos), que não sabia mais o que fazer para se divertir. Ele, temeroso que isso poderia o meter em maus lençóis (como manchar sua reputação entre os deuses), buscou imediatamente os auxílios da deusa da sabedoria Erda, outrora sua amante, da qual geraram juntos as Valquírias.

 Ao encontrar com sua antiga parceira de casos sexuais sob a sombra da árvore Yggdrasil, este prontamente a questionou:
 - Erda, deusa da sabedoria, me sinto tão entediado! Como faço para acabar com essa inquietação que me atormentas?
 - Ora, veja quem me procura após tanto tempo... - disse Erda, ríspida - parece que o próprio deus da sabedoria parece não conhecer meios de resolver suas próprias incertezas.
 - Pare de sarcasmos e me ajude de uma vez, ingrata deusa insaciável!
 - Faça uma orgia. - declarou Erda, sem quase nenhum momento de pausa entre a sentença de Odin e a dela.
 - O que significa isso? Estás de gozação comigo, Erda?
 - De forma alguma, muito pelo contrário. Ora, pense comigo. - Odin se mostrou prestativo - Seu coração precisa de uma adrenalina nova, uma emoção que você nunca teve antes, algo que encherá sua alma de encanto e brilho novamente. Nem as maçãs douradas da juventude, seu precioso hidromel ou uma desfibrilação serão páreos para esta experiência que vós indico.
 O deus dos deuses ergueu suas sobrancelhas em tom de interesse a uma ideia genuína.
 - Continue! - ordenou Odin.
 - Por isso um massivo jogo do amor aqui, em seu palácio, com deusas e ninfas, todas somente suas, seria o ápice.

 Odin, com um olhar fixo, processou a ideia em sua mente e, sem pestanejar, concordou em consumar o coito coletivo. No dia seguinte, chamou seu filho Thor e o ordenou que capturasse as mais belas ninfas de Midgard, e levá-las ao seu palácio. Thor, sem ter nenhuma explicação concreta para tal missão, partiu mesmo assim nessa aventura, onde acabou, por conta disso, se envolvendo na terrível caça do cachos de cabelos ruivos, porém essa é outra história.

 Alguns dias depois, Thor regressara e, passando pela ponte Bifrost, levava consigo incontáveis ninfas, das mais belas e adoráveis que um dia já andaram pelo mundo dos mortais. Odin já se deleitava com seu hidromel e, assim que as ninfas chegaram, levou todas elas para um cômodo especial, iluminado por velas, bebidas elitizadas (entre elas o hidromel), e grandes almofadas vermelhas espalhadas por todo o chão, além de diversas bandejas com pílulas do dia seguinte. Sjöfn e Freya, deusas do amor e do sexo, também estariam presentes na orgia, principalmente para dar um toque mais celestial ao bacanal.

 E em grande volúpia e desejos carnais eles começaram, com tamanha intensidade que Odin nunca se sentira tão vivo antes. Sua esposa Frigga também estava reunida entre todo o ardente jogo sexual que acontecia simultaneamente em cada centímetro daquela sala, com três, quatro e até mesmo cinco mulheres, totalmente despidas, ardentemente desejando umas as outras, enquanto Odin se deleitava também com três ou quatro de uma só vez, intercalando com todas as presentes. Todos estavam, é claro, agindo pelos efeitos do pó mágico do amor que Sjöfn botou na bebida deles.

 A veemência amorosa era tão poderosa e vigorosa que, no clímax da orgia, todos conjuntamente ejacularam com uma força nunca antes sentida pelos deuses ou mortais. Todas as pernas tremiam, as cabeças olhavam pra cima e os olhos reviravam. As bocas abriam e gemiam um som de alívio e intensidade, enquanto alguns, perdendo o equilíbrio, pendiam pros lados, com um enorme sorriso em suas feições. A força do orgasmo simultâneo fora tão poderosa que todo o líquido ejaculatório, de cada um dos presentes naquele cômodo, se juntou em um só, e formou uma pasta densa e massiva, surgindo assim, o tão conhecido leite condensado, cultuado até hoje pelos deuses. O leite mais divino dos nove mundos a partir daquele dia tão orgásmico. Não era somente mais divino do que o hidromel, bebida inigualavelmente e insubstituível para Odin.

 Os demais deuses se regozijavam com o novo alimento divino, enquanto Odin não podia ingeri-lo, já que o leite condensado fazia-o ter uma forte ânsia e vomitar, o que fora uma grande decepção para o pai dos deuses, já que ele era o único a passar mal enquanto todos se deliciavam com ele. Odin nunca mais fora entendiado, no entanto, promovendo outras inúmeras orgias com suas ninfas e deusas do sexo, e produzindo mais lente condensado.